quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

DESABAFO

                      Eu não sei se vocês se lembram de quando falei ou choraminguei sobre o problema de um amigo íntimo que acabava com a própria vida, com a de sua família, com a minha e com a dos que vivem  resguardados na proteção da minha casa. Foi no espaço que alguns jornais dispensam aos leitores que eu pude desabafar a dor,  que de leve, ainda sinto. Só aqueles que se permitiram ler aqueles textos tiveram a ideia da dimensão dos fatos.  Pois bem, este jovem, que tem a mesma idade do meu filho mais novo,  foi com quem dividi cada carinho que dei aos meus filhos e mesmo assim desgarrou-se do bando para seguir o caminho das drogas. Cansado com os maus tratos que ela impôs a ele e o abandono dos amigos, rendeu-se à abstinência na esperança de sobreviver.  Entretanto salvou-se dos mortos vivos e dos fantasmas que habitavam a clínica de recuperação para dependentes químicos de onde retornou quando teve alta. Lutou contra os desejos de voltar à droga e até perdeu algumas batalhas nessa guerra louca, mas sucumbiu, mesmo que a contra gosto aos caprichos dela. Nova luta, novos desafios. Muitas lágrimas e novos empregos foram por ele perdidos. Por último e já fragilizado pela abstinência, sentiu-se mal a ponto de buscar a  morte. Todos estávamos com ele e dos que juraram amizade eterna, só alguns poucos, como sua mulher, seu filho, sua mãe, pai e dois ou três amigos que acreditaram nele não o deixaram. Uma, entre tão poucas mãos que a ele eram  oferecidas, se destacou para envolve-lo num abraço tão forte e verdadeiro que o meu amigo, antes senhor de si e de todas as situações, prostrou-se de joelhos aos pés do seu salvador. Era a mão de Deus que sem dizer uma palavra o abraçou para com ele trilhar o caminho onde só os puros, os "limpos" de quaisquer vícios, caminham.   Antes, só pensávamos nas armadilhas da abstinência, mas agora, com determinação é fé em Deus, seguimos os que vão na frente com os quais falamos sobre tudo e qualquer coisa, até sobre drogas, mas sem tirar do horizonte os olhos secos das lágrimas, porém iluminados pela esperança.

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MUITO OBRIGADO PELO SEU COMENTÁRIO.
Eu juro que vou aprová-lo.